Mulheres, jovens e idosos são mais suscetíveis aos efeitos do álcool

O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool – CISA, organização não governamental que se destaca como uma das principais fontes no país sobre o tema, reúne uma série de informações que podem contribuir para a prevenção do consumo de álcool entre os grupos mais suscetíveis aos seus efeitos, como é o caso das mulheres, jovens e idosos.

O álcool e seus metabólitos atuam diretamente em diversos órgãos e sistemas, como fígado, coração, vasos sanguíneos e estômago. Seus efeitos para a saúde são complexos e influenciados por diversos fatores e aspectos do beber, sendo que alguns indivíduos são mais vulneráveis aos efeitos e ao potencial desenvolvimento de problemas relacionados.

Mulheres

A concentração de álcool no sangue nas mulheres atinge níveis maiores que nos homens após consumirem a mesma quantidade de bebidas alcoólicas, mesmo quando consideradas diferenças no peso corpóreo. Isso ocorre porque o álcool se mistura facilmente com a água do corpo e, como as mulheres possuem proporcionalmente menos água no organismo, o álcool atinge maiores concentrações, tornando o efeito mais intenso. Além disso, apresentam menores níveis das enzimas que metabolizam o álcool, fazendo com que a substância permaneça no corpo por mais tempo.

Também é muito importante evitar qualquer consumo de bebidas alcoólicas durante a gestação, pois o álcool atravessa a placenta e atinge o feto, que ainda não desenvolveu um sistema eficaz para metabolizá-lo, acarretando em diversos problemas, como aborto, parto prematuro, e anomalias no desenvolvimento do feto. Os danos tendem a ser proporcionais à quantidade, frequência e padrão do consumo do álcool e ao estágio gestacional. Portanto, não existe um limite considerado seguro, e os prejuízos podem decorrer de qualquer quantidade.

De acordo com dados nacionais, entre 2006 e 2012, as mulheres apresentaram um aumento no consumo frequente de bebidas alcoólicas (1 vez por semana), passando de 29% para 39%. Também em relação ao beber pesado episódico (consumo de 4 ou mais doses de álcool em 2 horas), elas apresentaram aumento, passando de 36% para 49%.

Jovens

Além das mulheres, crianças e adolescentes também são mais vulneráveis aos efeitos do consumo de bebidas alcoólicas, principalmente porque o Sistema Nervoso Central (SNC) dos jovens ainda está em desenvolvimento. Desta forma, vias neuronais podem ser afetadas, levando ao comprometimento de variadas funções cerebrais.

A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PenSE) divulgada em 2013, mostrou que mais da metade (67%) dos estudantes do 9º ano do ensino fundamental relatam já terem experimentado álcool alguma vez na vida. Chama a atenção que 1 em cada 4 jovens (26%) relataram ter bebido nos 30 dias que antecederam a entrevista e quando perguntados sobre o local de obtenção, referem ter tido acesso em festas (40%), com amigos (22%), no supermercado ou em bares (16%) e na própria casa (10%).

Informações como estas são preocupantes, principalmente porque, antes dos 15 anos de idade, há maior risco para o desenvolvimento de transtorno relacionado ao uso de álcool, como abuso ou dependência. Além disso, trata-se de um período que por si só já apresenta maior propensão para o envolvimento em comportamentos de risco (brigas, sexo desprotegido, acidentes automobilísticos) e tal tendência pode ser agravada pelo consumo de bebidas alcoólicas. Outras consequências negativas, como não conseguir cumprir obrigações importantes e passar por problemas legais, sociais ou interpessoais também podem ocorrer.

Idosos

Nos idosos os efeitos do álcool são mais rápidos e acentuados. Entre eles há maior risco de quedas, lesões e agravamento de doenças crônicas. Ademais, ficam mais expostos aos efeitos negativos decorrentes da interação com medicamentos, utilizados com mais frequência por essa população.

Atualmente, pouco se sabe a respeito do comportamento de beber dos idosos brasileiros. Sendo assim, um estudo, cujo resumo está disponível no site do CISA, analisou os dados do Projeto SABE* referentes à cidade de São Paulo, com o objetivo de caracterizar o consumo de álcool em idosos. Foram avaliados a frequência de uso nos últimos três meses, fatores sociodemográficos e de saúde associados, e possíveis mudanças no comportamento de beber após um período de seis anos.

Em 2000, foram entrevistados 2.143 indivíduos com 60 anos ou mais, dos quais 1.115 responderam à pesquisa novamente em 2006. Em 2000, quase 80% dos idosos relatavam baixo consumo de álcool, 13% eram bebedores moderados e 7% apresentavam alto consumo. Homens bebiam proporcionalmente mais que mulheres, e dentre os que tinham alto consumo, predominavam indivíduos com maior escolaridade, renda e autopercepção de saúde. Ao longo dos 6 anos, apesar da maioria dos idosos relatar uma baixa frequência de ingestão de álcool, 25% dos homens e 15% das mulheres se comportaram como bebedores estáveis ou ainda, referiram aumento no consumo de bebidas. Os resultados encontrados sugerem que as políticas para o álcool também devem ser direcionadas à terceira idade, uma vez observadas as tendências para o aumento do uso dessa substância por essa população.

*Conduzido pela Organização Pan Americana da Saúde (OPAS) em 2000, o Projeto SABE (Saúde, bem estar e envelhecimento) é um estudo multicêntrico que visou traçar o perfil das condições de vida e saúde de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos em sete centros urbanos da América Latina e Caribe. Em São Paulo, ele é desenvolvido pelo Núcleo de Apoio à Pesquisa em Envelhecimento – NAPSABE, no Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, com apoio financeiro da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Ministério da Saúde.

Sobre o CISA

O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool – CISA, organização não governamental criada em 2004 e qualificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) desde 2005, foi fundado pelo psiquiatra e especialista em dependência química Dr. Arthur Guerra de Andrade e consolidou-se como a maior fonte de informações no País sobre o binômio saúde e álcool. Por meio de seu website (www.cisa.org.br), disponibiliza um banco de dados direcionado à população geral, estudantes, profissionais de saúde, pesquisadores e empresas, que tem como base publicações científicas reconhecidas no cenário nacional e internacional, dados oficiais (governamentais) e informações de qualidade publicadas em jornais e revistas destinados ao público geral sobre o álcool e suas relações com o corpo, a mente e a sociedade.

O CISA acredita na importância do rigor ético e na transparência de suas ações no que diz respeito à obtenção e divulgação de conhecimento atualizado e imparcial na área de saúde e álcool, e prontifica-se a colaborar com políticas públicas que abordem o tema de forma eficaz. Também está comprometido com o avanço do conhecimento nessa área e encoraja a adoção de medidas para prevenir o uso nocivo de álcool e suas consequências, por meio de parcerias e elaboração de materiais educativos e de prevenção.

Fonte: http://www.segs.com.br/



Nenhum comentário:

Postar um comentário