Quando a família vira codependente


Eu te amo, mas não aceito a maneira como você está agindo”. Esta foi a frase que Terezinha Henrique de Faria, de 62 anos, disse ao filho 18 anos depois que ele se tornou um dependente químico.Terezinha teve coragem para mudar suas atitudes com o filho e lutar ao lado dele.A coragem foi citada pelo papa Francisco, durante visita ao Brasil, como um ato importante contra a dependência química.Além disso, o papa se posicionou contra a legalização das drogas e criticou os traficantes, chamando-os de “mercadores de morte”.O filho de Terezinha, hoje com 33 anos, começou a fumar maconha na adolescência, com 13 anos.

Terezinha viu o filho usando a droga e se desesperou.“Comecei a chorar, me descabelar, o agredia, xingava, o chamava de maconheiro. Eu ia atrás dele nas bocadas. Fiz isso várias vezes. Sofri, sofri muito. Fiquei esgotada. Coração dói muito de ver um filho drogado. Dói muito por dentro”. O sofrimento foi tanto que Terezinha adoeceu.“Entrei em depressão. Faço tratamento com psiquiatra até hoje. A família fica doente,surgem brigas, atritos. A gente fica muito envergonhada e acaba se afastando das pessoas”, conta a mãe.

Mudança

Mas, há dois anos, Terezinha conheceu o grupo Amor Exigente, que atua como apoio e orientação aos familiares de dependentes químicos.“Cheguei no Amor Exigente toda quebrada, destruída, chorando. Todos chegam assim. Duas semanas depois estamos sorrindo, nos encontramos”, afirma. Hoje, Terezinha coordena o grupo na Catedral de Ribeirão Preto.Segundo ela, a principal lição que o Amor Exigente passa é que a pessoa deve mudar a si própria para depois transformar o outro.“Hoje eu tenho força para entender a situação. Quando você vai atrás, briga, você fica na codependência. Eu aprendi que devo viver o meu eu e hoje aconselho, dou amor, carinho. Passei a saber lidar com ele. Estou mais fortalecida e feliz”, diz.O filho de Terezinha conseguiu se livrar do vício da maconha há seis meses, depois de ficar internado em uma clínica para dependentes químicos nesse período.Traficantes são ‘mercadores de morte’, diz papa

Durante visita ao Hospital São Francisco de Assis, no Rio de Janeiro, no dia 24 de julho, o papa Francisco afirmou que para combater “a chaga do tráfico de drogas” a sociedade precisa ter coragem.O hospital é dedicado à recuperação de jovens dependentes químicos.“São tantos os mercadores de morte que seguem a lógica do poder e do dinheiro a todo custo. A chaga do tráfico de drogas, que favorece a violência e que semeia a dor e a morte, exige da inteira sociedade um ato de coragem”, disse o papa.Segundo Francisco, a legalização das drogas não é solução para combater o tráfico. “É necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança no futuro".

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