Parar de fumar por oito semanas pode reverter danos às artérias


Parar de fumar por oito semanas pode reverter a lesão endotelial causada pelo tabagismo. É o que sugere estudo apresentado no Congresso da European Society of Cardiology, nos EUA. No entanto, os resultados mostraram que a serotonina permaneceu elevada, sugerindo que oito semanas de interrupção é insuficiente para reverter o risco de infarto do miocárdio.

"Fumantes têm duas vezes mais probabilidade de ter um ataque cardíaco do que pessoas que nunca fumaram. Parar de fumar é a coisa mais importante que as pessoas podem fazer para reduzir seu risco de doença cardiovascular. Mas, até agora, os estudos não analisaram se o aumento do risco causado pelo tabagismo é completamente revertido após parar de fumar", afirma o pesquisador principal Yasuaki Dohi.

A equipe investigou a forma como o sistema vascular é alterado pelo fumo e se as mudanças podem ser normalizadas por meio da abstinência. Eles se concentraram sobre os efeitos do tabagismo e da cessação do tabagismo na função endotelial arterial e na concentração de serotonina circulante.

Tanto a disfunção endotelial quanto a serotonina contribuem para o desenvolvimento da aterosclerose. Serotonina liberada a partir de plaquetas induz a agregação de plaquetas, o que inicia a coagulação do sangue e as contrações em artérias, em especial aquelas com endotélio danificado.

A fumaça de cigarros contém moléculas tóxicas, incluindo nicotina, monóxido de carbono e cianeto de hidrogênio que pode causar e promover aterosclerose via disfunção endotelial e aumento da atividade de coagulação do sangue.

O estudo incluiu 27 fumantes aparentemente saudáveis do sexo masculinos e 21 não fumantes. A função endotelial foi avaliada por meio da tonometria arterial periférica (PAT).

Fumantes que alcançaram a cessação completa do tabagismo tiveram um aumento significativo da proporção PAT, mas os níveis de serotonina não foram alterados significativamente. "Isto indica que a função endotelial melhorou após oito semanas de cessação do tabagismo, mas os níveis de serotonina se mantiveram em níveis perigosamente altos", observa Dohi.

De acordo com os pesquisadores, após 8 semanas sem fumar, a função endotelial melhorou, mas a serotonina manteve-se elevada, sugerindo que os pacientes ainda estão em maior risco de doença cardiovascular. "Mais estudos são necessários para ver se a parar de fumar a longo prazo pode inverter completamente os danos causados pelo tabagismo", concluem os pesquisadores.


Fonte: Saúde.net

A ritalina e os riscos de um "genocídio do futuro


Para uns, ela é uma droga perversa. Para outros, a "tábua de salvação". Trata-se da ritalina, o metilfenidato, da família das anfetaminas, prescrita para adultos e crianças portadores de transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

Teria o objetivo de melhorar a concentração, diminuir o cansaço e acumular mais informação em menos tempo. Esse fármaco desapareceu das prateleiras brasileiras há poucos meses (e já começou a voltar), trazendo instabilidade principalmente aos pais, pela incerteza do consumo pelos filhos. Ocorre que essa droga pode trazer dependência química, pois tem o mesmo mecanismo de ação da cocaína, sendo classificada pela Drug Enforcement Administration como um narcótico.

No caso de consumo pela criança, que tem seu organismo ainda em fase de formação, a ritalina vem sendo indicada de maneira indiscriminada, sem o devido rigor no diagnóstico. Tanto que, no momento, o país se desponta na segunda posição mundial de consumo da droga, figurando apenas atrás dos Estados Unidos.

Como acontece com boa parte dos medicamentos da família das anfetaminas, a ritalina "chafurda" a ilegalidade, com jovens procurando a euforia química e o emagrecimento sem dispor de receita médica. Fala-se muito que, se não fizer o tratamento com a ritalina, o paciente se tornará um delinquente.

"Mas nenhum dado permite dizer isso. Então não tem comprovação de que funciona. Ao contrário: não funciona", critica a pediatra Maria Aparecida Affonso Moysés, professora titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. “A gente corre o risco de fazer um genocídio do futuro. Mais vale a orientação familiar”, encoraja a pediatra, que concedeu entrevista, ao Portal Unicamp.

Segundo a pediatra, a ritalina aumenta a concentração de dopaminas (neurotransmissor associado ao prazer) nas sinapses, mas não em níveis fisiológicos. "É certo que os prazeres da vida também fazem elevar um pouco a dopamina, porém durante um pequeno período de tempo. Contudo, o metilfenidato aumenta muito mais. Assim, os prazeres da vida não conseguem competir com essa elevação. A única coisa que dá prazer, que acalma, é mais um outro comprimido de metilfenidato, de anfetamina. Esse é o mecanismo clássico da dependência química. É também o que faz a cocaína", explica a médica.

Entre os sintomas da droga apontados por Cida Moysés, a lista é enorme. Se a criança já desenvolveu dependência química, ela pode enfrentar a crise de abstinência, surtos de insônia, sonolência, piora na atenção e na cognição, além de surtos psicóticos, alucinações e correm o risco de cometer até o suicídio.

"São dados registrados no Food and Drug Administration (FDA). São relatos espontâneos feitos por médicos. Não é algo desprezível. Além disso, aparecem outros sintomas como cefaleia, tontura e efeito zombie like, em que a pessoa fica quimicamente contida em si mesma. Verificando tudo isso, a relação de custo-benefício não vale a pena. Não indico metilfenidato para as crianças. Se não indico para um neto, uma criança da família, não indico para uma outra criança", finalizou.



Fonte: Portal Unicamp