Jovens e o uso de medicamentos para disfunção erétil


A disfunção erétil, doença que em geral acomete homens de meia-idade ou idosos, está normalmente associada a problemas psíquicos ou vasculares. Algumas classes de medicamentos também podem afetar a função erétil, entre elas os antipsicóticos, os antidepressivos e os anti-hipertensivos.

O número de afetados é significativo e em 1995 estimou-se um total de 152 milhões de homens acometidos por disfunção erétil. A projeção para 2025 é de que esse número ultrapasse os 330 milhões, sendo que na África, na Ásia e na América do Sul a proporção de afetados deverá aumentar mais do que em outras regiões.

O citrato de sildenafila (Viagra®), aprovado nos Estados Unidos em 1998, foi o primeiro inibidor seletivo da fosfodiesterase tipo V para a farmacoterapia da impotência sexual. Desenvolvido para tratar angina, seu efeito no tratamento da disfunção erétil foi descoberto acidentalmente.

Além dele, conhecido como pílula azul, existem outros dois medicamentos com o mesmo mecanismo de ação: tadalafila (Cialis®) e vardenafila(Levitra®). Esses medicamentos são administrados em dose única e por via oral. O citrato de sildenafila atinge concentração plasmática máxima entre 30 minutos e 2 horas após sua administração. Por isso, aconselha-se tomá-lo uma hora antes da relação sexual.

Atualmente, o consumo desses medicamentos por homens sem diagnóstico de disfunção erétil tem despertado a atenção dos pesquisadores. Dois estudos, um realizado no Brasil e outro na Argentina, demonstraram que 14,7% e 21,5% de jovens entre 18 e 30 anos, respectivamente, já usaram algum tipo de inibidor da fosfodiesterase, sendo que a maioria o fez por curiosidade e sem receita médica. Outro estudo, realizado pela Escola de Farmácia e Bioquímica da Universidade de Maimónides, também da Argentina, e divulgado em uma publicação não cientifica, informa que 30% das pílulas de Viagra® comercializadas no país em 2008 foram consumidas por menores de idade6.

A comercialização clandestina de medicamentos para impotência sexual é comum. Conforme já informado no blog do Cemed, 69% dos medicamentos apreendidos pela Polícia Federal entre 2007 e 2010 eram dessa classe. A venda sem controle especial ou retenção de receita médica desse tipo de medicamento em drogarias e pela internet facilita o uso indiscriminado, inclusive por jovens em início de vida sexual4. Muitas vezes esses jovens desconhecem que o consumo de inibidores seletivos da fosfodiesterase tipo V pode causar efeitos adversos, como hipotensão, rubor e dor de cabeça.

Além dos efeitos adversos, outro aspecto importante são as interações medicamentosas que podem ser observadas no caso do uso de dois ou mais medicamentos. No caso do citrato de sildenafila, por exemplo, pacientes em tratamento com medicamentos que induzem a produção de CYP3A4, enzima responsável pela biotransformação do citrato de sildenafila, podem ter o efeito dos inibidores da fosfodiesterase comprometido (ex.: carbamazepina, rifampicina e barbitúricos).

Em contrapartida, cimetidina, antibióticos macrolídeos, imidazolinas antifúngicas e alguns agentes antivirais inibem a produção dessa enzima, retardando a biotransformação do sildenafila  e aumentando o tempo de ação deste medicamento no organismo. Há também interação com os nitratos orgânicos, medicamentos que possuem ação de relaxamento nos músculos lisos, especialmente na musculatura lisa vascular. Assim, eles não devem ser utilizados concomitantemente ao citrato de sildenafila.

Como qualquer outro fármaco, e dado seu perfil de riscos, os inibidores da fosfodiesterase tipo V devem ser usados com responsabilidade e cautela. Intervenções medicamentosas devem ser adotadas apenas quando necessárias, após avaliação de um profissional da saúde. A busca por um melhor desempenho sexual, principalmente por jovens sem disfunção erétil, tem aumentado o consumo desta classe de medicamentos. 

A equipe do Cemed alerta, principalmente aos jovens, para os riscos de efeitos adversos desses medicamentos, para o uso dos mesmos em associação com o álcool ou outras drogas e fármacos. Destacamos o risco de dependência psíquica e os problemas decorrentes desse fato, comprometendo a qualidade de vida.


Fonte: CEMED-MG

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