Pesquisadores australianos conseguiram reduzir em 20% o consumo de álcool entre adolescentes por meio de um programa que busca conscientizar os jovens, de forma lúdica e sintonizada com a sua realidade, sobre os riscos associados ao excesso de bebida.
A metodologia está sendo adaptada para as escolas brasileiras por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Segundo a pesquisadora Ana Regina Noto, a ideia de desenvolver a versão brasileira do SHAHRP (School Health and Alcohol Harm Reduction Project) surgiu após a conclusão de uma pesquisa de seu grupo, divulgada em 2010, que revelou índices alarmantes de consumo de álcool entre alunos do 8º e 9º anos do ensino fundamental.
"O que esse projeto tem de diferente é o fato de apostar na capacidade do adolescente de fazer escolhas mais seguras quando estimulado a isso. O programa incentiva o estudante a tirar suas próprias conclusões em vez de simplesmente tentar ensiná-lo a dizer ´não` como uma opção predefinida. Talvez por esse motivo, o SHAHRP apresenta melhores resultados quando comparado a muitos outros do gênero", disse Ana Regina.
O programa parte do pressuposto de que situações de uso de álcool entre adolescente são comuns - muitas vezes com a anuência da família -, embora a venda de bebida para menores de 18 anos seja proibida por lei.
"Pesquisas anteriores mostraram que as abordagens baseadas simplesmente em convencer o jovem a não beber eram falhas. Muitas vezes tinham até impacto negativo, causando aumento do consumo em vez de redução. Decidimos tentar algo diferente", contou Nyanda McBride, pesquisadora do National Drug Research Institute, da Austrália, e uma das idealizadoras do SHAHRP.
Conscientização contra alcoolismo
A estratégia de intervenção foi idealizada para ser aplicada nas escolas em duas fases.
Na primeira fase, voltada para estudantes de 12 a 13 anos que começam a ter contato com álcool, são realizadas oito sessões de uma hora cada. A segunda fase, aplicada um ano depois, conta com quatro sessões de uma hora.
Além de passar informações, a missão dos professores é ajudar os jovens, por meio de jogos e atividades interativas, a desenvolver suas próprias estratégias para reduzir os riscos associados ao consumo de álcool.
Posteriormente, os jovens foram acompanhados por 32 meses e foram avaliados seus conhecimentos e atitudes relacionados ao álcool, a quantidade total de bebida ingerida, o padrão de consumo e os danos que eles haviam sofrido.
O consumo total de álcool no grupo que recebeu a intervenção foi 20% menor quando comparado ao grupo controle, submetido a um programa tradicional que mostra os malefícios do álcool.
A adaptação do SHAHRP para a realidade brasileira está sendo feita por Tatiana de Castro Amato, sob a orientação da professora Ana Regina.
Uma primeira versão brasileira do programa - dividida em oito sessões de uma hora cada - foi elaborada e está sendo aplicada de forma piloto em quatro escolas particulares, sendo três na capital paulista e uma no interior do estado. Outras quatro escolas estão participando como grupo controle.
Fonte:Diário da Saúde
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