Cigarro pode afetar o desempenho no ambiente de trabalho


Fumar não faz bem à saúde. A constatação é um senso comum, mas alguns dados vêm provocando novos questionamentos sobre a maior intensidade do perigo que o tabaco traz à saúde, chamando a atenção, também, no ambiente de trabalho. Recentemente, a revista Tobacco Control, do grupo do British Medical Journal (BMJ), divulgou uma pesquisa da Universidade do Estado de Ohio, que afirma que um fumante custa, em média, quase US$ 6 mil a mais por ano nas empresas, comparado a quem não fuma. O valor foi calculado em cima dos motivos pelos quais se justifica o alto custo: o absenteísmo dos trabalhadores em função de consultas médicas diante de doenças, perda de produtividade nas tarefas habituais e as inúmeras pausas para fumar durante a jornada diária.

A nicotina é apenas uma das cinco mil substâncias presentes no cigarro e provoca não só a dependência química, fazendo com que o fumante tenha necessidade orgânica de fumar, como uma dependência psicológica, quando o fumante usa o cigarro para provocar sensações de tranquilidade ou de êxtase. No ambiente corporativo, essas características ficam mais evidentes.

— O profissional fuma em uma quantidade maior no ambiente de trabalho, quando comparado com quem fuma apenas fora. É visível a maior chance de adoecer e de se ausentar, com consequências negativas sobre a sua produtividade — comenta a pneumologista Beatriz Gehm Moraes.

Segundo a especialista, as pessoas que fumam durante o trabalho estão se expondo e comprometendo também a saúde dos colegas pela ação da fumaça. No Brasil, a pesquisa Vigitel 2011 do Ministério da Saúde mostra que, entre os fatores de risco para doenças crônicas, mais de 12% são representados por fumantes passivos nas empresas.

— Os colegas do fumante, expostos à poluição tabágica ambiental (PTA), apresentam um aumento da incidência de doenças relacionadas ao tabaco, como bronquite crônica, enfisema e câncer de pulmão, além de aumentar os custos com as licenças para tratamento de saúde, absenteísmo e queda na produção — alerta.

Ambientes livres de tabaco

O tabagismo é uma doença crônica reconhecida, com tratamento bem estabelecido através da abordagem cognitiva, comportamental e farmacológica. No ambiente de trabalho, o ideal é que haja promoção de campanhas de conscientização e prevenção do tabaco, além do desenvolvimento de programas de saúde para encorajar os empregados a cessar o vício.

— Inicialmente, deve-se avaliar o grau de dependência química à nicotina e o nível de motivação em que se encontra o paciente, traçando um plano terapêutico associado, se necessário, aos medicamentos. Incluir a discussão sobre o tabagismo nos programas de saúde e segurança do trabalho e implantar um ambiente livre de tabaco na empresa também são alternativas efetivas — afirma Beatriz.

Os locais sem a presença do cigarro, como cita a pneumologista, seriam a fase final para quem está acostumado a utilizar fumódromos no trabalho.

— O fumódromo só é aceitável no período de transição, antes da implantação do ambiente livre de tabaco, para preparar gradativamente as pessoas. Quando se aplica essa medida, a prevalência do tabagismo cai em média 10% e os fumantes reduzem o consumo em torno de 20% — observa.

Fonte:Diário Catarinense

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