Pesquisa revela que índice de violência entre jovens está fortemente associado ao uso de substâncias psicotrópicas


O índice de violência intencional ou não intencional entre jovens está fortemente associado ao uso de substâncias psicotrópicas. “Se compararmos o jovem daqui com os jovens de outros países concluímos que os nossos são menos violentos. Porém, na maioria das vezes, os eventos de comportamentos agressivos ocorrem simultaneamente com consumo de álcool ou drogas”, aponta Dartagnan Pinto Guedes, coordenador de um estudo que traça o perfil dos estudantes da escolas de ensino médio do Paraná.

A pesquisa foi realizada com 6 mil estudantes de escolas do ensino médio do estado do Paraná, com idades entre 15 e 18 anos. O trabalho, coordenado pelos professores Dartagnan Pinto Guedes e Marcio Teixeira, do Mestrado em Exercício Físico na Promoção da Saúde da Unopar, é um levantamento extenso sobre atitudes e comportamentos de risco para a saúde que incluem dirigir embriagado, fazer uso de substância psicotrópica, porte de arma, envolvimento em luta corporal, agressões físicas, tentativas de suicídio, tabagismo, atividades sexuais, alimentação e prática de atividade física.

Os resultados mostram uma quantidade importante de adolescentes distanciados da família; alto índice de intenção de suicídio, de insatisfação com o próprio corpo e de tabagismo. Evidenciam também que a violência entre estes jovens está geralmente associada ao uso de álcool e drogas. A partir destas conclusões os pesquisadores sugerem a inclusão de uma disciplina específica no currículo escolar direcionada a tratar do tema: educação para a saúde.

A novidade deste estudo não é simplesmente apontar índices alarmantes. “Já tínhamos a informação de que nossos jovens bebem demais, consomem drogas, arriscam a vida e a saúde diariamente. Infelizmente, todo mundo convive com esse problema e está preocupado com isso”, afirma o professor Dartagnan. “O diferencial da nossa pesquisa é que ela procura identificar a associação entre comportamentos de risco e de proteção para saúde e o cotidiano familiar e escolar dos jovens, na tentativa de propor ações de intervenção”, explica.

Tabagismo — Índices preocupantes apareceram também no tabagismo, na insatisfação com o próprio corpo e em tentativas de suicídio. Mais de 5% dos entrevistados já havia planejado suicídio; destes, 3% concretizaram o plano e 80,5% deles necessitaram de intervenção médica para o tratamento de lesões, envenenamento ou overdose. O uso regular de cigarro foi apontado por 15,4% dos rapazes e 13,6% das moças; 10% dos escolares que se declaram fumantes relataram já ter tentado parar de fumar sem sucesso.

“O Brasil é hoje um dos países de menor índice de tabagismo do mundo – mas a prevalência de uso de cigarro é maior entre os adolescentes do que na idade adulta”, informa Dartagnan. Com relação à insatisfação com o próprio corpo, 54,1% dos jovens dizem estar descontentes com o seu peso corporal. Esse número é ainda maior entre as meninas - 67,8% versus 38,3% dos rapazes. “Um dado preocupante é que muitas jovens estão mais preocupadas com a estética do que com a saúde: há uma elevada prevalência de uso de laxantes e outros medicamentos para reduzir o peso corporal”, alerta o professor.

Entre os resultados, um dos que mais impressionou Dartagnan foi o distanciamento dos adolescentes com a família. “Temos relatos de adolescentes que, mesmo vivendo na mesma casa, só veem os pais no final de semana”, diz ele. Outro dado interessante é que o estudo mostrou que muitos jovens já estão inseridos no mercado de trabalho e são justamente esses que apresentam menores incidências de comportamentos de risco. “Parece que o trabalho impõe responsabilidades e apresentam modelos e valores que afastam os jovens de problemas”, indica Dartagnan.

Os pesquisadores também perceberam que a maioria dos adolescentes está bem informada com relação aos comportamentos pesquisados, mas destacam que informação não é a mesma coisa que educação: “Eles sabem o que é perigoso, sabem o que é ilegal, mas são imediatistas. Não resistem ao ímpeto de momento. É preciso trabalhar mais intensamente com uma educação mais efetiva e não simplesmente com informação. A informação é importante e parte integrante do processo educacional, mas uma educação efetiva é mais ampla”, pondera Dartagnan.


Fonte: Adaptado de Bem Paraná

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