Metade dos brasileiros agredidos na infância ou adolescência se torna usuários de drogas, aponta estudo


Metade dos brasileiros que sofreu agressões físicas ou sexuais durante a infância ou adolescência se torna usuário de drogas ilícitas, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira (7) pelo 2º Lenad (Levantamento Nacional de Álcool e Drogas – Violência Contra a Criança ou Adolescente), da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).



E segundo a pesquisa, de cada dez brasileiros dois relataram ter sido vítimas de algum tipo de violência na infância ou adolescência, o que representa mais de 30 milhões de pessoas.

Os traumas sofridos durante a fase colocam a vítima em uma situação de risco para o consumo de drogas até quatro vezes mais do que quem nunca foi agredido.


Em um levantamento foi feito em 149 municípios do País, com 4.607 pessoas de todas as idades entrevistadas em casa. Desse total, 22% disseram que já foram vítima de violência física ou sexual severa.
Segundo a pesquisadora Clarice Madruga esclarece que somente 20% da violência praticada contra a criança ou adolescente chega a ser reportada à polícia. Como a pesquisa foi feita em casa, com sigilo das fontes, os resultados mostraram que a agressão é muito maior do que se imagina.

— A criança chega com um braço quebrado ao hospital ou um tipo de machucado e os funcionários não questionam, não estão com o olhar voltado para identificar a violência doméstica. O que chega à polícia são os casos mais graves, envolvendo mortes. Esse silêncio colabora para que a criança sofra com frequência durante um longo período. A partir disso, ela inicia mais cedo o uso de substâncias químicas por terem um quadro maior de depressão.

Os entrevistados apontaram ainda que em 20% das situações de agressão, o agressor havia bebido. Do total que sofreram agressões sexuais, 33% foram praticadas por parentes, 25% por algum amigo da família, 18% por um estranho, 17% não quiseram informar, 2,7% por vizinhos, 1% pelo professor, padrasto, padre ou pai. As meninas são as que mais sofrem abuso sexual, representando o dobro de vítima em relação aos meninos.

Com o abuso físico e psicológico, a saúde emocional da vida adulta fica comprometida, de acordo com a pesquisa. O estudo recomendou a divulgação do Disque 100 - denúncia contra os direitos humanos e dos serviços do Conselho .


Fonte:Levantamento Nacional de Álcool e Drogas

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